Um bom aquecimento melhora sempre o rendimento.
Mas o que é o aquecimento? Para que serve? Momento do treino mais importante? Podemos saltar o aquecimento se for preciso? O que é que acontece se não aquecer? Qual o aquecimento que devo fazer?
Neste artigo vamos procurar esclarecer todas as suas dúvidas em relação ao aquecimento e o seu impacto no rendimento da parte fundamental do treino.
Podemos já esclarecer um aspecto, o aquecimento NÃO é a parte mais importante do treino, como já foi mencionado, existe uma parte fundamental do treino, ainda que por vezes alguns exercícios e movimentos possam ser utilizados em ambas as fases, a fase fundamental continua a ser a mais importante e é aquela que deve ocupar mais tempo da sessão.
Contudo, não significa que o aquecimento não seja dotado de importância. Mesmo não sendo a fase dotada de maior importância dentro da sequência do treino, esta serve para potenciar o rendimento da fase fundamental e para garantir a segurança das estruturas trabalhadas.
O corpo em estado de repouso não está preparado para desempenhar uma performance OTIMIZADA, pois grande parte dos mecanismos fisiológicos estão num nível bem abaixo do seu funcionamento óptimo.
É essencial aquecer?
É fundamental perceber que o que é feito num aquecimento tem um transfere para a fase fundamental do treino. Durante esta fase, devemos manipular os múltiplos sistemas fisiológicos para causar adaptações específicas que vão aumentar a nossa performance.
Com isto entendemos também que o que se faz no aquecimento tem de ter relação com o que vai acontecer na fase fundamental.
Um bom aquecimento previne lesões? É comum assumir-se esta máxima, que é geralmente uma das principais razões que levam as pessoas a aquecer. Contudo, ainda que a prevalência do aparecimento de lesões tende a acontecer em treinos intensos que seguiram um precário ou inexistente aquecimento, ainda não existem evidências e argumentos científicos fortes para corroborar esta afirmação.
Efeitos do Aquecimento
Podemos dividir os efeitos do aquecimento em 2 tipos: Relacionados com a temperatura e não relacionados com a temperatura.
Relacionados com a temperatura
Toda a atividade física resulta num aumento do consumo de energia e uma conversão da mesma em calor. O aumento da temperatura corporal durante o aquecimento tem influência sobre diferentes sistemas do nosso corpo:
● Aumenta a elasticidade dos tecidos musculares, eventualmente, permitindo atingir maiores amplitudes de movimento
● Reduz a resistência oferecida pelo tecido promovendo movimentos mais “livres” e eficientes.
● Melhora a qualidade de activação do sistema nervoso, resultando em contrações mais rápidas bem como relaxamentos também mais rápidos dos músculos, afetando assim a velocidade de movimento.
Todas estas alterações traduzem-se (entre outras) numa maior capacidade de produzir força, potência e eficiência nos nossos movimentos.
Não relacionados com a temperatura
Neste tipo de efeitos devemos considerar a forma como é utilizada a energia quando o nosso corpo começa a movimentar-se.
O organismo armazena substâncias de elevado valor energético, maioritariamente:
● ATP e ATP-Cr (fontes de energia)
Estas substâncias são aquelas que estão permanentemente disponíveis para que nós consigamos produzir movimentos de forma instantânea pois as outras fontes demoram mais tempo a serem convertidas em energia.
Em contrapartida, o ATP e ATP-Cr, são ineficientes e só nos permitem suster o exercício durante curtos períodos de tempo. À medida que vão sendo utilizados, outros processos ocorrem em simultâneo para garantir eficiência de utilização energética no organismo:
1. Aumento da produção de Dióxido de Carbono – CO2
2. Consequente respiramos mais frequentemente e com mais intensidade
3. O fluxo sanguíneo começa a ser dirigido para os músculos que estão a trabalhar
4. À medida que isto acontece, o sistema Aeróbio (que utiliza oxigênio – O2 – para produzir energia) vai sendo progressivamente ativado, promovendo o fornecimento de O2 para os músculos e concomitante remoção de CO2
5. Apesar de o fluxo sanguíneo não estar diretamente ligado às adaptações do aumento da temperatura, temperaturas mais elevadas facilitam as trocas de O2
Podemos então entender que, numa situação de inexistência de aquecimento, obtemos o verso da moeda. Apresentamos estruturas musculares mais rígidas e resistentes ao movimento que, por consequência, exigem mais força para realizar vulgares exercícios e por sua vez necessita de mais produção de energia para o efeito. Associando o cenário anterior a um panorama de ineficiência energética por utilização quase exclusiva de uma fonte de energia rápida mas pouco duradoura, as consequências expressam-se geralmente em fadiga muscular e cardio-respiratória precoce e menor produção de energia do que o normal.